ALÔ MUNDO

    A revista inteligente
    para crianças e adolescentes


    N. 92 - Novembro 1995



    Entre as matérias do mês:

    1. Zumbi dos Palmares
    2. Casa Dandara: Muita força! E muito Axé!
    3. Braskuka: O Segredo do Galeão (em quadrinhos)
    4. Perigo! Minas explosivas!: Cem milhões de armadilhas
    5. O herói de Srebrenica: A história de Sead, garoto da Bósnia
    6. Você quer ser meu amigo?
      O elefante Lelo à procura de amigos (em quadrinhos)



    Braskuka

    O Segredo do Galeão

    (Texto: Xavier. Desenhos: Adriano)

    Braskuka e Braskukete estão no supermercado.
    Dão uma olhada numa prateleira de detergente em pó para lavar roupa. O detergente está em promoção.

    "VIAGEM À ILHA DE TAKO-TAKO
    NO ARCÍPELAGO DO TEKO-TEKO,
    NA DIVISA COM TUKO-TUKO"

    Braskuka pega na mão uma caixa de sabão em pó....
    Braskuka: Inventam de tudo para enganar o freguês.

    Braskukete: Compra. Sinto que vamos ganhar. Está escrito no meu horóscopo. Hoje é o meu dia de sorte.

    Braskuka: Nunca entendi como funciona este tal de horóscopo. Somos do mesmo signo e no meu jornal estava escrito de tomar cuidado porque era meu dia de azar. É tudo mentira. De qualquer forma vou experimentar esse produto. É o mais barato.

    Braskukete: Estou sentindo que vamos ganhar. Já pensou? Uma viagem na ilha de Tako-Tako... Estou emocionada. Sinto que ganhamos.

    Braskuka: Deixa eu ler... Que sorte! Você ganhou!

    Braskukete: Eu sabia. Vou arrumar as malas. É uma chance única. Dá para convidar outras quatro pessoas. A viagem é para seis...

    E aí vão os nossos amigos à ilha de Tako-Tako.
    A viagem foi meio difícil. Mais difícil ainda foi lidar con traficantes, no fundo do mar, após descobrir o tesouro do Galeão.



    Perigo! Minas explosivas!

    Cem milhões de armadilhas

    Todos os anos, milhares de pessoas no mundo inteiro perdem a vida ou ficam mutiladas por causa das minas explosivas. É o precó que os pobres pagam para garantir o lucro dos países que enriquecem com o comércio das armas.

    Quantas minas estão enterradas nos vários países?
    Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmam que há cem milhões de minas enterradas em todo o mundo. São 62 os países mais "minados", entre eles o Camboja (6 milhões de minas), o Afeganistão (de 9 a 10 milhões), Angola (9 milhões), Moçambique (de 1 a 2 milhões), Iraque (de 5 a 10 milhões) e Bósnia-Croácia (2 milhões).

    Elas atingem mais soldados ou civis?
    A cada hora, em algum lugar do mundo, há alguém colocando o pé em cima desses objetos mortíferos. A cada mês, 450 pessoas ficam gravemente feridas e 800 morrem por causa dessas armas destruidoras. As principais vítimas são as mulheres e as crianças. As minas não distinguem entre o pé de uma criança e a esteira de um tanque. Para elas, o passo batido de um soldado e o andar sutil de uma mulher que volta da roça são a mesma coisa. Elas não conhecem os tratados de paz. Ficam escondidas por muito tempo e, depois de anos do fim do conflito, podem mutilar e matar os filhos e os netos daqueles que as colocaram.

    Quais são seus efeitos?
    Segundo algumas estatísticas, para cada homem, mulher ou criança que sobrevivem à explosão de uma mina, há um homem, mulher e criança que morrem. Mas a vida daqueles que sobrevivem muda para sempre. Eles entram no mundo dos mutilados ou dos cegos, obrigados a viver o resto da vida na pobreza e na solidão. Sem braços ou pernas, as vítimas perdem tudo, até a vontade de viver.

    Mas por que não as tiram de lá, depois da guerra?
    Retirar as minas é arriscado e caro. Mil dólares para cada mina (e algumas delas, como a VS MK2 usada em Angola, custam só 9 dólares!). Para cada mina retirada morre um técnico e dois ficam feridos. A retirada tem sido lenta. No atual ritmo seriam necessários 4.300 anos para limpar 20% do território do Afeganistão. Em Moçambique, de sete a dez anos e 40 milhões de dólares. A coisa mais vergonhosa é que na lista das empresas mais interessadas no trabalho de retirada das minas, figuram as produtoras das mesmas. Ganham produzindo e vendendo minas e ainda querem ganhar retirando-as.

    Não dá para esperar mais. É preciso proibir imediatamente a produção e venda dessas sementes de morte, desses brinquedos assassinos!




    A história de Sead, garoto da Bósnia

    O herói de Srebrenica

    Já se passaram três anos desde o início da guerra civil na ex-Iugoslávia. Contam-se aos milhares as pessoas que perderam a vida nesse conflito absurdo. Entre elas, centenas de crianças ceifadas por pessoas que decidiram obedecer à lógica cega do ódio. Apesar de toda essa violência, não faltam histórias de amor. O protagonista de uma delas é Sead, um garoto que ficou cego para salvar seus colegas feridos por uma granada.

    Sead podia ter fugido, mas ficou para dar força aos seus colegas. Ele perdeu a vista para salvar a vida dos outros. O seu gesto é uma lição para todos nós. Enquanto os adultos se matam em uma guerra absurda, um garoto ensina que só a lógica do amor pode salvar o mundo.

    Havia dias que Srebrenica era alvo de bombardeios. Soldados de exércitos inimigos se enfrentavam na tentativa de conquistar a cidade. Era o mês de abril. A primavera já chegara, mas não dava para sentir o perfume das flores. O cheiro da pólvora tomava conta do ar que se tornara irrespirável...

    Aquele dia amanheceu tranqüilo. Não se ouviam disparos. Nas ruas havia um tímido movimento. As pessoas aproveitavam a trégua para enterrar os mortos, visitar parentes e para comprar o pouco que era possível encontrar. Parecia o dia ideal para dar dois chutes na bola. Sead Bekric não resistiu à tentação. Chamou os colegas e foi direto para o campo atrás de seu prédio.

    Poucos segundos para formar dois times, dois chutes na bola para esquentar os músculos, bola no centro... Começava o jogo. A bola estava murcha, mas ninguém se dava conta. Todo o mundo tinha vontade de chutá-la com força para descarregar a raiva reprimida nos dias de bombardeio. O jogo não durou muito. Uma granada, lançada pelas tropas que assediavam a cidade, caiu no campo, no meio da garotada.

    Sead ficou livre do perigo por milagre. Estava somente tonto pela força da explosão. Levantou-se com dificuldade. Olhou ao redor de si e viu seus colegas numa poça de sangue. Durante alguns instantes ficou paralisado, mas logo começou a socorrê-los um a um, antes da chegada do resgate. Pagou caro a sua generosidade. Os estilhaços de uma segunda granada atingiram seu rosto. Sead ficou cego.

    O heróico gesto do garoto de Srebrenica não passou despercebido. Um reporter fotografou seu rosto e mandou a foto a uma agência internacional... Junto com a mãe e um irmãozinho, Sead foi internado no Jules Stein Eye Institute, uma clínica especializada em problemas que atingem a vista.

    Não sabemos se os médicos conseguiram devolver-lhe a visão. Quem conhece a história de Sead espera que o milagre tenha acontecido. Ele merece, depois daquilo que fez para salvar a vida de seus colegas.




    O elefante Lelo à procura de amigos (em quadrinhos)

    Você quer ser meu amigo?


    Lelo: Oi, Leão! Que bom encontrar você... Ando tão sozinho! Você quer ser meu amigo?

    Leão: Ora, essa! Tenha dó, Lelo! Você é muito lento e não pode correr comigo... Além disso, o que os outros animais iriam dizer ao ver o Rei da Floresta acompanhado de um elefante... Eu sou um experto caçador... E você? O máximo que pode fazer é caçar um ratinho...

    Pobre Lelo, quanta tristeza! Ele só queria ter um amigo de verdade...

    Assim começa a história de Lelo que vai floresta adentro à procura de um amigo.
    Ninguém queria ser seu amigo até que encontra uma formiguinha pedindo socorro...

    (Adaptação: Tânia. Desenhos: Eton)


    Para saber mais, escreva para:
    ALÔ MUNDO - Cx. P. 55 - CEP 06751-970 Taboão da Serra, SP



    Colaboração da:
    BCA Biblioteca Comboniana Afro-brasileira.
    E-mail: comboni@zumbi.ongba.org.br