/** ong.gestao: 11.0 **/

** Topico: I/VOLUNTARIOS: Manual de Gerenciamento. **


** Escrito em 6:24 AM Dec 23, 1996 por omar em ax:ong.gestao ** O "Manual de Gerenciamento de Voluntarios em ONGs-AIDS", publicado pelo GAPA-BA, aborda a questao de como inserir a mao de obra voluntaria de uma forma sistematica na organizacao, considerando-se sua importancia na sustentabilidade da entidade, tanto do ponto de vista economico como da perspectiva de ampliar a credibilidade do trabalho junto 'a sociedade. Assim, o manual propoe um novo modelo administrativo, onde os voluntarios sao - assim como a mao de obra assalariada - gerenciados de acordo com os moldes da politica de recursos humanos, ou seja, recrutados, selecionados, treinados e supervisionados. Dessa forma, pretende-se quebrar com a visao de que os voluntarios sejam "pessoas que vieram ou estao para dar uma forca". O objetivo de se ter voluntarios devidamente treinados e inseridos na entidade passe a ser o de conseguir que eles adotem os aspectos de planejamento do trabalho, adequacao a linha institucional, criterios de avaliacao e monitoramento, etc. (Uma extensa resenha do Manual, feita por Cleyde Souza, esta' na resposta 1 a esse topico. Solicitamos aos interessados que a leiam e discutam, aqui mesmo nessa conferencia.) * GAPA-BA - Grupo de Apoio e Prevencao 'a AIDS Rua Manoel Dias Moraes, 25 - Jardim Apipema 40.155-260 Salvador - BA Tel.: 071 - 245 1741 Fax: 071 - 245 1587 Email: ongapa@quasar.com.br ** Fim do texto de ax:ong.gestao ** /** ong.gestao: 11.1 **/ ** Escrito em 6:27 AM Dec 23, 1996 por omar em ax:ong.gestao ** Um dos problemas apontados da relacao entre organizacoes e voluntarios refere-se ao acolhimento indiscriminado por parte das organizacoes de todas as pessoas que oferecem seus servicos gratuitos, mesmo nao tendo onde e como inseri-las no trabalho, gerando, assim, expectativas nao correspondidas. A avaliacao que muitas ONGs fazem sobre os resultados obtidos com voluntarios e' igualmente pouco animadora. A inexistencia de uma politica institucional voltada para voluntarios estaria na raiz do descompasso que surge. Ao inves de sugerir se abrir mao do trabalho voluntario, o GAPA- BA enumera as inumeras vantagens deste tipo de colaborador para a entidade: tem credibilidade junto ao publico-alvo e junto aos doadores, uma vez que sua motivacao nao esta' ligada a interesses monetarios, tornando-se excelentes "relacoes publicas" para a entidade; uma vez que nao sao funcionarios, trabalham livres de pressoes e stress; sendo autonomos em relacao 'a entidade, podem atuar de forma mais critica; podem ter um perfil em termos de faixa etaria, raca, nivel social e educacional, etc. diferente do perfil dos funcionarios, contribuindo para uma maior diversidade e qualidade do trabalho; diversifica o perfil profissional, desempenhando funcoes que nao estao cobertas pelo quadro de pessoal da entidade. Para o GAPA-BA, nao basta acolher pessoas que se oferecem como voluntarios na organizacao, mas a sua incorporacao exige o planejamento minucioso de um programa especifico para voluntarios. O modelo de gerenciamento de voluntarios proposta pelo GAPA-BA sugere a estrategica de gerenciamento de voluntario similar ao gerenciamento da mao de obra remunerada, passando inclusive pelas etapas que um funcionario percorrem para a sua admissao como recrutamento, selecao, treinamento e acompanhamento. Isso exige uma pessoa para coordenar o setor, e que esteja envolvida com as atribuicoes de delinear as atividades funcionais assim como todas as atribuicoes relacionadas ao gerenciamento de pessoal. Sugere-se que entidades que estejam dispostas a gerenciar voluntarios devam inseri-los na estrutura organizacional de tal modo que devam ser mencionados nos documentos juridicos e regimentos, de forma a reafirmar a importancia e o espaco a ser ocupado pelo voluntario no corpo da instituicao. A partir dai, sugere-se a elaboracao de um Plano de Acao a partir da discussao sobre as diretrizes e objetivos da organizacao, da identificacao das necessidades organizacionais e do levantamento dos recursos disponiveis tanto na entidade como na comunidade. Um dos pontos-chave de um programa de gerenciamento de voluntarios refere-se a pessoa de referencia do voluntario dentro da instituicao, de forma a que ele nao fique "sem rumo", sugerindo-se que haja um coordenador do programa de voluntarios, ao qual estes estejam subordinados. Um outro aspecto ressaltado refere-se 'a necessidade de descricoes por escrito das funcoes a serem executadas pelo voluntario. Essa descricao deve se dar anteriormente ao processo seletivo de forma a subsidiar a escolha do voluntario com o perfil adequado para as tarefas requeridas. Alem disso, ela vai subsidiar o treinamento necessario para o exercicio da funcao, definir as responsabilidades das partes envolvidas e servira para a avaliacao do trabalho realizado. Um outro ponto esta' relacionado 'a infra-estrutura a ser colocada a disposicao do voluntario para que ele possa desempenhar as suas tarefas: espaco adequado, mobiliario, equipamento e material necessario. A criacao deste espaco tem, alem de permitir o desempenho das funcoes, o papel de criar uma maior identificacao com o ambiente de trabalho. Por fim, uma outra questao diz respeito ao horario de trabalho, tendo sido uma das maiores criticas a voluntarios na entidade a alteracao de seus horarios sem a previa comunicacao, trazendo serias complicacoes para o trabalho. O estabelecimento de horarios a serem cumpridos, onde a possibilidade de remanejamento esteja aberta com comunicado previo define, desde o inicio, as bases do relacionamento do voluntario com a instituicao. Em relacao 'as estrategias de recrutamento, o GAPA-BA chama a atencao para o fato de que o recrutamento deve estar relacionado as necessidades da organizacao e as habilidades especificas que o candidato possua. Isso evita, ja de antemao, possiveis frustracoes futuras na medida em que se atende as expectativas tanto da entidade como do voluntario. Deve fazer parte tambem das estrategias de recrutamento uma politica de marketing para a divulgacao do servico - atraves de folders, cartazes, etc. - junto a possiveis fontes de pessoal voluntario como associacoes, empresas, escolas, igrejas e a propria comunidade. A selecao deve ser realizada de acordo com procedimentos tais como entrevistas, avaliacao de curriculo, etc. de forma a se poder fazer uma triagem de pessoas com o perfil profissional e de personalidade mais adequados as exigencias do trabalho e da entidade. O preenchimento de um formulario com dados sobre as caracteristicas pessoais, profissionais, experiencias anteriores de insercao em movimentos sociais e em atividades voluntarias servira de subsidio para a realizacao de entrevistas posteriormente. O treinamento para que os voluntarios selecionados iniciem suas atividades na entidade deve se dar tal qual para funcionarios que estao tambem iniciando. Um programa de treinamento deve, no entanto, deixar claro que ele esta' sendo direcionado para dois publicos especificos: para funcionarios (remunerados) e para voluntarios, que irao, no entanto, desempenhar funcoes igualmente relevantes para a entidade e, por isso mesmo, devem receber todo o treinamento necessario para o bom desempenho de suas funcoes. Isso ajuda na distensao de um ponto de tensoes e conflitos relativo a diferentes valoracoes entre o trabalho desempenhado pela pessoa que e' remunerada pelos seus servicos daqueles que desempenham determinadas tarefas gratuitamente. O manual aborda largamente a relacao entre funcionarios remunerados e voluntarios. Ele aponta para fontes de possiveis tensoes por parte dos funcionarios em relacao aos voluntarios, recomendando um treinamento especifico para funcionarios para se quebrar com estereotipos e resistencias relacionados ao trabalho voluntario. O treinamento de voluntarios tambem deve estar voltado para os aspectos de relacionamento interpessoal, alem de elucidar melhor os objetivos e as metas institucionais. A capacitacao tecnica devera' ser feita em um momento adequado ou em treinamentos periodicos. A supervisao deve ser vista como um canal para sugestoes, criticas, intercambios e feedback, de forma a que seja mantida uma relacao continua com os voluntarios. Ela envolve tarefas diversificadas, envolvendo reunioes regulares, entrevistas individuais, contatos por escrito, etc., instrumentos necessarios para a manutencao da comunicacao e do vinculo com os voluntarios. Os compromissos assumidos pela instituicao para com os voluntarios deverao tambem ser observados. A montagem de uma estrategia de valorizacao do trabalho voluntario e' um item considerado primordial pois garante uma constante motivacao para o bom desempenho do trabalho. Ele deve colocar em destaque os voluntarios merecedores de um reconhecimento especial. Para isso, os metodos de avaliacao devem ser capazes de auferir e avaliar o desempenho tecnico e pessoal. O reconhecimento pode se dar de diferentes formas: desde a emissao de certificados e fornecimento de cartas de referencia, quando solicitado, ate premiacoes e organizacao de festas e eventos. A utilizacao de voluntarios em tarefas de "mais responsabilidades" dentro da organizacao, tais como na avaliacao e planejamento de programas ou exercendo funcoes no treinamento e monitoramento de outros voluntarios, se constituem tambem em uma forma de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido na entidade. Verificar constantemente a adequacao das tarefas desempenhadas pelo voluntario 'as suas habilidades e interesse significa manter um alto grau de motivacao capaz de manter o voluntario na entidade, minimizando o tao apavorante fantasma da evasao de voluntarios. (pag. 79). O Manual traz ainda em anexo modelos de contrato para voluntarios, de termo de responsabilidade, ficha para a coleta de dados sobre os aspirantes a voluntarios e ficha para o levantamento das aptidoes dos candidatos. Partindo dos principios das politicas de Recursos Humanos em empresas privadas, o GAPA-BA oferece uma nova proposta de insercao de voluntarios na entidade. Mesmo para aqueles que nao concordem com a politica de RH empresarial proposta para o ambito das ONGs, o manual faz refletir sobre uma serie de questoes e problemas enfrentados pela maioria das organizacoes nao-governamentais que possuem voluntarios, tornando sua leitura imprescindivel. ** Fim do texto de ax:ong.gestao **

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